Pneu

Depois que o norte-americano Charles Goodyear descobriu, no século XIX, o processo de vulcanização, deixando cair borracha e enxofre casualmente no fogão, a demanda por esse produto se multiplicou no mundo. Mais tarde, a Alemanha começou a industrializar borracha sintética a partir do petróleo (temos informações que iniciou-se nos EUA, a partir das dificuldades provocadas pela escassez de Borracha Natural na II Guerra Mundial). A reforma de pneus e posteriormente a recuperação de energia foram as primeiras formas de reciclagem de pneus. Com o avanço tecnológico, surgiram novas aplicações, como a mistura com asfalto, em concentração de 15% a 25%, apontada hoje nos EUA como uma das melhores soluções para o fim dos cemitérios de pneus. Uma das formas mais usuais de aplicação dos pneus inservíveis é como combustível alternativo para a indústria de cimento (co-processamento), que hoje responde por 64% do total.

Os demais 36% reutilizados, após sua trituração, como tapetes de automóveis, mangueiras, solas de sapato, asfalto emborrachado, quadras poli-esportivas, pisos industriais etc. O pó gerado na reforma de pneus e os restos de pneus moídos podem ser aplicados na composição de asfalto de maior elasticidade e durabilidade, além de atuarem como elemento aerador de solos compactados, pilhas de composto orgânico e outros artefatos de borracha como, solados, tubos, tapetes, pisos ou combustível – já que o poder calorífico do pneu é maior que do óleo combustível e do carvão.

O Brasil produziu 67,3 milhões de pneus em 2010. Um terço disso é exportado para mais de 85 países e o restante roda nos veículos nacionais. O mercado de reposição representa 45% do total. Apesar do alto índice de reforma no País, que prolonga a vida útil dos pneus (no caso daqueles destinados a caminhões e ônibus o pneumático é reformado mais de duas vezes), parte deles, já desgastada pelo uso, acaba parando nos lixões, na beira de rios e estradas, e até no quintal das casas, onde acumulam água que atrai insetos transmissores de doenças.

Os pneus e câmaras de ar consomem cerca de 70% da produção nacional de borracha e sua reciclagem é capaz de devolver ao processo produtivo de terceiros setores (por razões de ordem tecnológica, não retorna para a indústria de pneumáticos) um insumo regenerado por menos da metade do custo que o da borracha natural ou sintética. Além disso, economiza energia e poupa petróleo usado como matéria-prima virgem.

Os pneus inteiros são reutilizados como proteção em garagens evitando o choque dos veículos, em pistas de corrida como na Fómula 1, drenagem de gases em aterros sanitários, contenção de encostas e produtos artesanais. No Brasil, os pneus usados são reaproveitados como estrutura de recifes artificiais no mar, visando o aumento da produção pesqueira, mas nenhuma dessas alternativas de destinação são reconhecidas pelo Ibama como ambientalmente adequadas. É possível recuperar energia com a queima de pneus velhos em fornos controlados, inteiros ou picotados – cada pneu contém a energia de 9,4 litros de petróleo.

No Brasil, a utilização como combustível promoveu no período de 1999 a 2004 a destruição de 150 mil toneladas de pneus, equivalente a 30 milhões de pneus de automóvel usados, proporcionando economia de 720 mil toneladas de óleo. A usina da Petrobras em São Mateus do Sul no Paraná incorpora no processo de extração de xisto betuminoso, pneus moídos que garantem menor viscosidade ao mineral e uma otimização do processo.A trituração dos pneus para obtenção de borracha regenerada, mediante a adição de óleos aromáticos e produtos químicos desvulcanizantes é uma das alternativas para a reciclagem desse material.

Com a pasta resultante deste processo, as empresas produzem tapetes de automóveis, mantas para quadras esportivas, pisos industriais e borrachas de vedação, entre outros. No Brasil já há tecnologia em escala industrial que produz borracha regenerada por processo a frio, obtendo um produto reciclado com elasticidade e resistência semelhantes ao do material virgem. Além do processo mecânico, existe uma tecnologia que emprega solventes capazes de separar o tecido e o aço dos pneus, permitindo seu reaproveitamento.

Em 2010 o índice de reciclagem de pneus no Brasil foi de 92%. Existem cerca de 30 empresas que processam pneus no país inteiro. Já existem mais de 600 postos de coleta de pneus usados no Brasil. A capacidade instalada de reciclagem – em todas as unidades – hoje é de um volume superior a 350 mil toneladas por ano. Problemas de logística e de fiscalização diminuem o número de pneus que são dispostos adequadamente, segundo informações da indústria. Segundo dados da Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos (ANIP), o Brasil reciclou cerca de 311 mil toneladas em 2010, ou 62 milhões de unidades.

Desde o início do Programa Nacional de Coleta e Destinação de Pneus Inservíveis (RECICLANIP), em 1999, quando começou a coleta dos pneus inservíveis pelos fabricantes, mais de 1,5 milhões de toneladas de pneus inservíveis, o equivalente a mais de 300 milhões de pneus de passeio, foram coletados e destinados adequadamente. Para atingir esses resultados, a indústria de pneus investiu US$ 124 milhões até o final de 2010.

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Dr. Edison Ferreira da Silva

  • Direito – Universidade Braz Cubas – UBC
  • Administração – Faculdade de Administração Alvares Penteado – FAAP
  • Administração Hospitalar e Gestão de Saúde – Fundação Getúlio Vargas – FGV
  • Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Saúde – Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e Fundação Getúlio Vargas – FGV
  • Gestão e Tecnologias Ambientais – POLI/USP

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