A informação consta do terceiro Relatório Global sobre o assunto, lançado pela agência especializada ONU, para quem a poluição do ar representa o maior risco ambiental à saúde e é responsável, anualmente, por mais de três milhões de mortes prematuras no Mundo.
O documento refere que 98 por cento das cidades dos países de baixo e médio rendimento, com mais de 100 mil habitantes, apresentam índices de qualidade do ar piores do que o estipulado pela OMS. No caso dos países ricos, a taxa das cidades que registam ar poluído caiu para 56 por cento. Assim, Carlos Dora, epidemiologista da OMS, disse à Rádio ONU, a partir de Genebra, sobre as conclusões do relatório, que, “nas cidades dos países em desenvolvimento, vê-se uma quantidade maior de cidades poluídas e a tendência é piorar”.
O estudo da OMS foi feito em três mil cidades de 103 países. No Brasil, por exemplo, os especialistas da OMS analisaram 45 cidades do nordeste ao sul do país lusófono, entre as quais Curitiba, Campinas, São Paulo, Campos, Malembá e Madre de Deus.
A cidade de Curitiba, que tinha um nível que antes estava acima do preconizado pela OMS, agora tem o ar limpo de acordo com a qualidade de ar da agência especializada da ONU. “É uma coisa muito positiva porque Curitiba também tem um dos melhores exemplos de políticas públicas que levam a limpar a qualidade do ar”, afirmou Carlos Dora, acentuando que, quanto à gestão dos resíduos para não queimar o lixo, Curitiba faz uma gestão ecológica dos resíduos, deixa fermentar e colhe o metano para usar como biogás.
O especialista da OMS citou também Nova Iorque que, na época do governador Michael Bloomberg, fez um estudo que concluiu que metade da poluição do ar vinha do combustível “sujo”, usado nos equipamentos de aquecimento e refrigeração dos prédios da cidade e não dos carros. Carlos Dora afirmou que as medidas adoptadas para combater a poluição do ar podem ajudar na área da Saúde. Segundo o especialista, as pessoas que têm doenças vasculares recebem recomendações para fazer exercício físico, não fumar e ter uma dieta saudável.
Mas o epidemiologista da Organização Mundial da Saúde declarou que não há uma recomendação especial para que essas pessoas evitem ambientes poluídos. “É crucial que os governos e cidades façam da qualidade do ar em regiões urbanas uma prioridade de saúde e desenvolvimento”, declarou Carlos Dora, para quem, “quando a qualidade do ar melhora, diminuem os gastos de saúde relativos a doenças como alergias e infecções pulmonares, aumenta a produtividade dos trabalhadores e também a expectativa de vida da população”.
Fonte: http://jornaldeangola.sapo.ao/sociedade/muitas_cidades_do_mundo_poluida
Edison Ferreira da Silva