Produção de Energia através do Resíduo – Brasil

Um estudo sob a orientação da doutora em engenharia mecânica Karina Ribeiro tratou de caracterizar e mapear os tipos de materiais, trabalhando o potencial energético a partir destes compostos.

A proposta da pesquisa surgiu enquanto a pesquisadora participava do Comitê Estadual de Energias Renováveis, que decidiu lançar anualmente um atlas de bioenergia, abrangendo os diversos tipos de biomassa de Alagoas, incluindo vegetal, residual e as de resíduos sólidos. A partir de sua publicação em 2014 e 2015, foi introduzida a ideia de produzir um atlas que reunisse apenas o potencial energético dos resíduos sólidos de aterros, verificando os consórcios municipais que estão hoje elaborando formas de gerenciamento destes materiais. Neste ensejo, começou o Programa de Iniciação Científica (Pibic) que contou com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal), através do fomento de uma bolsa para o estudo. A equipe de pesquisa é composta por alunos bolsistas e graduandos, mais dois professores do curso do centro de tecnologia de Engenharia Ambiental e Sanitária da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Num eixo estratégico, a análise também obteve auxílio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Semarh) e da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo (Sedetur).

A abordagem observou como remanejar estes insumos e encontrar utilidades viáveis para eles. Karina Ribeiro frisa que, para esta atividade, foram utilizados praticamente todos os tipos de materiais existentes nos lixões, porque não existe ainda coleta seletiva na maior parte do estado, o que dificulta os cálculos do potencial energético. Dentro da metodologia empregada, o grupo mensura a capacidade energética. No entanto, eles estão desconsiderando alguns materiais recicláveis, como vidro e plástico por conta desta problemática de separação correta.  É necessário caracterizar o que existe nos resíduos junto ao lixo urbano e, então, levantar o potencial do material. A parceria com a Semarh entrou neste sentido, pois o órgão já possuía a caracterização dos resíduos da maioria dos municípios.

Um caminho possível e rentável

Karina Ribeiro salienta que a transição de um estado com a predominância de lixões para a adoção dos aterros sanitários é um processo executável. O próprio procedimento de conversão de energia é inspirado na realidade de várias outras cidades do Brasil, a partir de resíduos sólidos. Porém é preciso, primeiro, mensurar os dados e fazer uma avaliação econômica, porque se o gás não for utilizado para energia elétrica, pode passar também por um tratamento e ser convertido para gás natural, chamado de biometano, que já é regulamentado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP)

Neste projeto são verificadas a viabilidade econômica e a questão socioambiental, que é o viés principal, associado aos problemas urbanos dos resíduos sólidos e sua destinação correta, especialmente no período chuvoso atual. A professora acredita que os resultados efetivos só são possíveis quando os setores público e privado e a academia estiverem dialogando.

Atualmente já existem planos de consórcios municipais de aterros para acontecer em Alagoas; alguns já estão em processo de construção e licenciamento. O aterro de Maceió está mais avançado porque é uma empresa privada que está operando com um projeto de construção da usina termoelétrica a partir do biogás.

“A energia que eles irão produzir pode suprir todo o bairro do Benedito Bentes, por exemplo, ou mais, ampliando a rede. Isto representa um exemplo para outros consórcios, pensando na questão burocrática dos municípios”, cita a docente.

A pesquisa aborda similarmente a renda para as cidades que fomentam a coleta seletiva, pois nem tudo o que é destinado ao descarte pode ser reaproveitado. Se o município ou o consórcio pagarem pelo peso do caminhão com materiais misturados, quanto menor for o peso – reunindo o que realmente necessita ir para o aterro-, é possível movimentar uma geração de emprego e renda de catadores assistidos por este serviço.

Um obstáculo observado é a predominância ainda de lixões no estado, que são aterros não controlados com emissões de gases de efeito estufa. Como a equipe está se empenhando na construção de um inventário destes compostos danosos, eles poderão auxiliar a avaliar os impactos ambientais da produção no fator das mudanças climáticas.

Sustentabilidade e viés ambiental

O projeto ainda agrega outros benefícios ambientais. Com a produção correta do gás, diminuem as chances de explosões e de autoignição – que ocorre na temperatura mínima necessária a uma combustão – pela presença do metano. A ideia seria substituir um lixão com descarte inadequado e disposição de vazadores a céu aberto por um aterro sanitário projetado para coletar todo o chorume.

Além do foco energético, a pesquisa se volta a políticas públicas em gestão de materiais dos municípios. O descarte inadequado de lixo impacta diretamente nas enchentes, em alagamentos, e acarreta em perdas para a economia alagoana. Quanto a isto, se faz necessária uma união maior de todos os setores para promover uma cultura de sensibilização, de força de ação para implantar um processo de saneamento nos municípios, com centros de reciclagens, e fornecimento de um incentivo maior para que a coleta seletiva aconteça, aliada a todos os outros fatores contemplados na política nacional de resíduos sólidos.

Desafios e visões futuras

Caminhando com tantos enfoques de estudo, atualmente o projeto está em ajuste final de formatação de dados para avançar na questão econômica, que interessa mais ao setor de empreendedores e municípios, agregando valores às possibilidades de intervenção ambiental.

Fonte: http://gazetaweb.globo.com/portal/noticia/2017/07/

Edison Ferreira da Silva – dreedisonfs@uol.com.br

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Dr. Edison Ferreira da Silva

  • Direito – Universidade Braz Cubas – UBC
  • Administração – Faculdade de Administração Alvares Penteado – FAAP
  • Administração Hospitalar e Gestão de Saúde – Fundação Getúlio Vargas – FGV
  • Saúde Ambiental e Gestão de Resíduos de Saúde – Universidade Federal de Santa Catarina UFSC e Fundação Getúlio Vargas – FGV
  • Gestão e Tecnologias Ambientais – POLI/USP

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